Litania Dos Transgressores: Desígnios Da Provocação Em Lúcio Cardoso

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Synopsis

Escritor notório pelas sondagens existenciais e pelos mergulhos ontológicos, presentes tanto em diários íntimos como na prosa de ficção, Lúcio Cardoso construiu toda sua imagerie literária tendo como esteio fundamental a provocação. Observamos que a palavra não se limita apenas aos seus significados habituais de insultar, afrontar, ofender; também permite a confluência de sentidos tão notadamente cardosianos, como estimular, instigar, desafiar, tentar, incitar, seduzir. Toda a construção de narrativas, entrechos, personagens, efeitos de ambientes, cenários, paisagens, cores, tudo o que compõe por inteiro o universo de seus personagens teve como moto-contínuo seu ideal perturbador.
Lúcio Cardoso foi absolutamente um grande provocador. Em novelas como Mãos vazias (1938), O desconhecido (1940), Inácio (1944), A professora Hilda (1946), O anfiteatro (1946) e O enfeitiçado (1954), podemos perscrutar como a tessitura literária ontológica explorada por Lúcio atende fundamentalmente ao ideário do escritor mineiro. Devassar até a possibilidade de intensificar em níveis extremos o mal-estar do leitor foi parte de um projeto pessoal e profissional de vida. Em Litania dos transgressores: desígnios da provocação em Lúcio Cardoso, Odirlei Costa busca enfatizar como o autor explorou diversos estratagemas literários nas novelas supracitadas para adensar a escrita de mal-estar e perturbação, a tornar a provocação o mote primordial de seu virtuosismo literário transgressor.